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A competição

Atualizado: 18 de jul. de 2020

CONTO

por Ednézer von Ritter

O episódio iniciou num recanto repleto de árvores frondosas oferecendo o melhor do frescor. Sobre seu chão, montículos de folhas secas perfazendo um tapete macio e convidativo. Um grupo de animais reunidos queria saber qual dos bichos, seja dos campos, das selvas ou das montanhas, seria entre eles o mais veloz. Criaram uma comissão para planejar e organizar a curiosa proposta. Limitaram o número a dez participantes que seriam definidos através de indicações e respectivos votos. Deram o nome ao evento de “A Competição”. Os animais eleitos foram o veado, o antílope, o avestruz, a serpente, o lagarto, a zebra, o javali, a chita, a lebre e o coiote. No decorrer foram surgindo questões a serem superadas, uma delas, era que todos os eleitos se submeteriam a uma corrida que fugiria do escopo de perseguição ou fuga e em bisonha exposição, correr apenas com o objetivo único de alcançar uma vitória. Sendo que não parecia nada agradável correr ao lado de outras feras predadoras. Como o esperado, a maioria mostrava-se cismada quanto às reais consequências de participar dessa insólita corrida: O avestruz receoso pela possível exposição diante da chita; O lagarto insistia na sua proposta de correr somente ao lado da serpente — depois aquele que vencesse teria méritos para avançar para a próxima etapa; A zebra fazia coro com o veado e o antílope na proposta de que cada um dos participantes fizesse sua corrida individualmente, depois disso, era só comparar o desempenho das cabeças. Mas, todos foram tranquilizados de que tudo ocorreria bem, pois a organização do evento mantinha em mãos um detalhado plano de ordenação e monitoramento para conter os instintos da bicharada. Os animais seriam separados por uma linha bem definida e monitorados pelo voo e o olhar de um falcão, que, sobrevoando ofereceria sua mobilidade estratégica. Qualquer movimento excedido por parte dos participantes, não escaparia de sua vigia. E a mais contundente das promessas estava dada pela extraordinária junção das autoridades e respectiva diligência. A nenhum animal seria permitido ultrapassar o limite do outro, respeitando suas diferenças e contendo seus impulsos, sob o risco ao deliberado e instantâneo julgamento, e respectiva punição. Um cadafalso fora erguido ao lado da tribuna, confirmando que o decreto não estava para brincadeira.

Entretanto, ainda teria uma questão primordial a ser solucionada. Era preciso estabelecer uma extensão razoável da pista de corrida para que todos os participantes pudessem disputar em condições equiparadas. Entenderam que 100 metros seria o ideal. Perceberam ainda que teriam que ter um corpo de jurados com visão mais apurada para avaliar com segurança e precisão aqueles atletas que subiriam ao pódio. Escolheram a girafa por sua privilegiada visão, dada pelo seu longo pescoço e, a marmota que era uma exímia sentinela e poderia dedicar importante assistência.

Abaixo de forte sol chegou o grande dia. Um local perfeito num descampado de relva rasteira, caprichosamente aparada por gnus, fora erguido uma tribuna de dar gosto para comportar as autoridades e com muitos convidados ilustres. Enquanto os animais estivessem na carência de credenciais, ainda assim, estavam muito bem contemplados em ribanceiras que se alinhavam pela extensão da pista de corrida e convidativas sombras. Os jurados situavam-se na extremidade oposta numa visão privilegiada, antepostos à linha de chegada.

Sem-nome era o ambiente da tribuna mor, ornada com cipós e flores campestres. Quando todos estavam sentados e acomodados viram chegar a autoridade máxima. O leão recostou-se em seu trono, após palmilhar pelo longo tapete vermelho. O babuíno aproximou-se e depois de mesuras, perguntou à majestade se, aos seus olhos, tudo parecia em ordem. Na companhia da raposa, do galo banquiva, do pavão e da hiena, respondeu o leão:

— Senhor babuíno, veja bem, me parece tudo tão bem organizado, com belíssima e coerente distribuição das pistas de corrida, plataformas e arquibancadas. Além disso, esse coquetel providencial de frutas e iguarias atendendo qualquer expectativa dos glutões. Eu teria somente uma crítica construtiva a esse vistoso empreendimento.

— Então, diga, por favor! Vossa Majestade! — o babuíno quis saber.

— Lendo uma possível projeção. Caso os juízes venham divergir através de seus respectivos votos, como ficaria o critério de desempate? — o leão queria saber mais.

— Vossa Majestade! Esse critério seria facilmente solucionado através de uma segunda corrida entre os empatados, sejam eles quantos forem! — concluiu o babuíno.

— Ah, Caríssimo babuíno, e quando seria feita essa nova corrida? No mesmo dia, com os atletas cansados? Sendo que, se for organizada outra corrida em um novo dia, quanto e tão custoso seria empreender novamente um evento em tamanha proporção? — o leão queria mais explicações.

— Lamento por isso, Vossa Majestade! Não havíamos observado por esse ângulo! Vossa Excelência tem total e franca razão sobre esse aspecto possível! — concluiu o babuíno.

— Uma prudente atitude, caríssimo babuíno, seria resolver essa questão incluindo outro juiz, rogando qualquer chance de haver um empate. — finalizou o leão.

Tal era a perspicácia do leão que o babuíno solicitou reunião de urgência com a comissão organizadora e não tardou para apresentar uma medida categórica: era o de incorporar a coruja ao corpo de jurados. A proposta foi acudida prontamente pelas autoridades. Sem que alguém saísse de seu posto, o pombo correio foi convocado para encontrar e comunicar a coruja quanto à sua missão. O pombo, com sebo nas canelas, tratou de apresentar a coruja antes que a impaciência e a desmobilização comprometessem os ânimos dos circunstantes.

Ali, na iminência do disparo, alinhados em paralelo, estavam os atletas lado a lado preparados para a largada. O elefante, atrás da linha de partida, ergueu sua tromba e soou o toque de largada. Os animais, nitidamente eufóricos, largaram em disparada. A serpente e o lagarto foram os primeiros a tomarem a frente. Era sensacional assistir aquela disputa − Um não tirava os olhos do outro e suas línguas expressivas pareciam turbinar ainda mais suas performances. Entretanto, chegou certo momento em que os répteis tiveram de experimentar o dissabor de serem ultrapassados por outros concorrentes. Não havendo outra maneira senão continuar na corrida, mesmo vendo escapar a possibilidade de vitória. Logo, a partir dos 52 metros, tomaram a frente: O antílope, o coiote, o javali, o veado e a lebre, respectivamente, fizeram suas colunas se destacarem, deixando os concorrentes para trás. A zebra correu sozinha, literalmente sozinha, disparando pelo caminho contrário, frustrando seus apostadores. Aproximando-se à linha de chegada o espetáculo ficou por conta da chita e do avestruz, que tomaram finalmente posição de destaque, conseguindo recuperar a desvantagem da largada e estufar a linha de chegada, conquistando uma vitória extraordinária. A bicharada vibrava. Alguns dos animais disputantes tinham torcida organizada, ávidos em ovacionar, incitar e turbinar o representante de sua espécie. A Competição estava sendo uma experiência fenomenal.

Embora, a grande maioria dando conta que o vencedor havia sido a chita, e de vice o avestruz, foi acionado o corpo de jurados a frente do leão para apresentar respectivos pareceres diante da autoridade maior, tudo como mandava o protocolo. Então, os juízes abriram seus votos: o primeiro a se pronunciar foi a girafa que afirmou nitidamente que o vencedor era A chita e o vice o avestruz; A marmota, como esperado, não diferenciou seu voto, apontando como primeiro a chita e o avestruz como segundo lugar; O terceiro juiz a apresentar seu parecer, fechando a conta, foi a coruja. Surpreendendo a todos por seu pronunciamento estrambótico.

— Meu pronunciamento, é que nem o avestruz e nem a chita são vencedores! — declarou a coruja.

Evidentemente, o pronunciamento da coruja gerou um escândalo. Como alguém no papel de juiz poderia destoar de um fato evidenciado por quase todos: autoridades, convidados, plateia e demais juízes? A vitória da chita tivera um reconhecimento quase unânime, tirando os relapsos e aqueles realmente mal posicionados na plateia. Descaradamente a coruja colocou em questionamento um resultado escancarado, contrariando a lógica e o bom senso. A austeridade estava a passos de gigante e faminta para raiar com sua espada qualquer deslize que viesse a ferir as regras e normas do evento. De pronto a coruja foi amordaçada antes que pronunciasse outra tolice, poupando as autoridades, sobretudo a Majestade, de coisas que cheiravam à insanidade selvática, ou caçoada doméstica. Depois, aprisionaram-na. Sem chance alguma, a coruja foi arrastada direto ao cadafalso, onde lá aguardava o abutre lânguido com um machado de duas lâminas. Não tendo outra saída, a execução prosseguiu sob nenhum apelo de compaixão. Uma horda de abutres menores pousou no estrado do cadafalso e formaram uma cortina que bloqueava a cena de execução. Assim que o pano vermelho foi arribado ao chão pela mão do babuíno, escutaram-se cinco repiques do machado. Murmúrio e uma sensação amarga irromperam a todos. Em meio aos olhares curiosos, pavorosos e sedentos, os abutres revoaram, restando somente o abutre carrasco, ainda de mão no machado. Surpreendentemente, muito pelo contrário, os curiosos acabaram presenciando o desmando do abutre, que por conta própria, fez soltura da coruja. Os animais atônitos e confusos aguardavam o desfecho. Foi quando o abutre disse:

— Querem condenar e executar a coruja sem antes saber qual a sua versão?

— Rumo à voz da floresta! Todos anseiam pelos ditames da Lei! — disse babuíno.

— O acusado impedido de apresentar uma defesa? Não vejo a justiça nem a lei — concluiu o abutre.

— Te digo que acolher um condenado é se condenar também. — retrucou o babuíno.

— A coruja realmente cometeu algum crime? E se a coruja for inocente? Não podemos cometer injustiça — reforçou o abutre.

— Será possível? Um abutre descumprindo o rigor na execução? — disse a raposa.

— Logo o abutre? Imagem de sanguinário? Quem afinal aqui mata para comer? — disse a hiena ainda mais risonha.

— Não! Vamos por parte! Primeiro executamos a coruja e depois julgamos o abutre! Faremos assim justiça — sugeriu a raposa.

— Irmandade! Santa irmandade! A raposa falando de justiça. O que você entende por justiça? — questionou a serpente.

— Relembrando o que aprendi sobre Justiça: É uma virtude! Dar o que é de direito a quem lhe pertence — disse a raposa.

— Amiga, nesse caso, dar o que me pertence: O prêmio pela vitória. Não esquecendo ainda que justiça para ser completa deve se dar o castigo ao infrator, digo, à coruja — defendeu a chita.

— A menos que eu esteja errada, dar o que é de direito é oferecer ao público e aos concorrentes, uma corrida digna ou tudo não passará de uma letra morta — defendeu a serpente

Os rugidos e as vozes dissiparam-se, tão logo o leão ecoou um rugido altivo. Obtendo total atenção do aglomerado. Assim, disse a Majestade:

— Sou a voz superior na hierarquia da selva, desde sempre cumpri e continuarei cumprindo meu papel: que é a manutenção do código sumário. Sob sua égide devemos prosseguir com aquilo que entendemos ser justo, doa a quem doer!

A vista de todos, o babuíno se aproximou e falou ao ouvido do leão:

— Antes, preciso alertar vossa majestade: Não vejo prudência em demorarmos com o bom andamento dessa pândega, não podemos desapontar nossos investidores importantes.

— Para tanto — retomou o leão — Vamos prosseguir com a execução da coruja e, posteriormente, faremos o julgamento ao desmando protagonizado pelo abutre.

Danada situação! O murmúrio, dessa vez estava contido, revelando a consonância na floresta. O galo banquiva chamou a atenção para o alto. Tratava-se da aproximação de um pássaro, como que cuspido pelo sol, pousou por sobre o arco do cadafalso. Era a águia que frontalmente ao leão fez sua intervenção:

— Sapiência a todos! Que coisa mais medonha, preferem penalizar com a morte a recuperar o transgressor? Nenhum animal aqui será executado, condenado ou julgado. Sem que antes todos saibam pela boca da própria coruja a sua versão!

A ira do leão se fez presente e soou dessa vez um rugido ainda mais feroz.

— Acontece que não podemos desapontar nossa Majestade e seus séquitos. — irrompeu a raposa.

— Basta! Uma categoria de espécie promovendo um motim? — ao lado do pódio lamentou a chita.

— Ufa! Aguardava por esse momento... Guerra! — apoiou o coiote.

— Lamentável ter que assistir esses pássaros promovendo uma solidariedade estapafúrdia! — disse a Serpente enroscada numa pilastra do corrimão do cadafalso. — Prendam logo a águia atrevida!

— Antes de qualquer coisa, temos que estar atentos aos novos fatos. — afirmou o galo banquiva.

— Não existem fatos novos na velha corrida. Eu já sou a vencedora. — defendeu novamente a chita.

— Às vezes é melhor ficar calado. — disse o galo.

A chita não hesitou, arremeteu-se sob o galo. O galo esquivou-se e, ainda assim, conseguiu ferir a orelha do felino com suas esporas.

— chega! — ordenou o leão. — Já chega de confusão.

— Desculpe Vossa Majestade! Esse presunçoso e falso séquito, não passa de um brigão, arrogante sempre enfiado com os pés nos excrementos. — declarou a chita.

— E você não passa de uma vaquinha de presépio. — o galo deu o troco.

— agora todos me escutem! Sou o Rei. Posso assegurar a todos que a ordem será mantida no meu reino e o sucesso do evento está assegurado. — definiu o leão.

— O Rei? De qual reino? Sim, sua juba denuncia sua superioridade. Mas, alto lá! Os reinos são muitos. No ar, dizem ha muito tempo, que a águia é soberana. Mesmo assim, reconheço que, enquanto águia, perco minha coroa ao ouvir um soneto de um rouxinol, ali reina outra Majestade. Em questão de corrida não me atreveria a apostar uma corrida com um falcão peregrino! — a águia discursava.

— Desça das nuvens. Já é o bastante esse jogo de sofisma! — disse o leão.

— Sim! Para alguns as nuvens são uma bruma esquisita e perigosa já para outros ali é o próprio chão! — retrucou a águia.

— Se persistir terei que partir para o confronto! — ameaçou o leão, dessa vez sobre duas patas.

— Confronto? Veja, a águia caça a serpente! Mas a serpente caça o ovo da águia! Minha espécie pode muito bem circundar seus filhotes, sendo amplamente favorecida pelo sono, pela distração e pela fadiga dos felinos. — a serpente ameaçou.

Todos olharam para o Rei, que nesse momento silenciou.

A águia prosseguiu discursando numa harmonia e sobriedade:

— Não existem espécies salvas, se seus filhotes são fulminados por espécies vorazes, dotadas de perspicácia! Veja a fato do escaravelho nos antigos anais. Digo a águia e o escaravelho.

— Escaravelho? — o leão tolhido movimentava seus olhos buscando trazer à memória o referido.

— A águia está falando do rolador de pedra do deserto. — disse o coiote.

— É sobre o touro voador. — disse a chita.

— Besouro de estercos. — colocou o galo banquiva.

— Ah, sim, o besouro! Claro, só podia ser! Lembro dessa história onde Zeus se assustou com o besouro camuflado e deixou cair os ovos no chão. — Lembou-se o leão.

— A força nem sempre é determinante ou reinante — continuou a águia. — A resistência e a não resistência determinam o futuro das espécies. A vulnerabilidade é mais complexa do que sua aparência. Aqueles insetos curiosos nos espiando na floresta, embora minúsculos, podem ser nefastos com alguma espécie aparentemente vigorosa. E o inimigo mais abalável pode ser aquela criatura invisível, da qual nem podemos nos defender.

A raposa interrompeu a águia:

— Chega! Já está indo longe demais...

O leão com a pata dianteira levantada tomou a vez:

— Esperem! A águia tem dito verdades! Deixamos que prossiga.

— Soltem a mordaça da coruja e veremos o destino a merecer! — aproveitou a águia.

— Façam a vontade da águia! — consentiu o leão.

A vontade da águia foi atendida, de modo que a mordaça da coruja foi retirada imediatamente. O babuíno ordenou a coruja justificar sua estranha posição:

— Você negou em alto e bom som que o primeiro lugar e o segundo lugar não pertenceram respectivamente a chita e o avestruz. Quem afinal você defende como merecedores ao pódio?

A coruja, a cada giro de pescoço, em fração de segundos presenciava no aglomerado uma bicharada se acotovelando, vidrados, e em compasso de espera, consumidos de expectativas. Então, se dirigiu ao leão e respondeu:

— O andorinhão foi o vencedor e o segundo lugar ficou com o falcão!

O pronunciamento da coruja foi pasmoso. Os animais ficaram boquiabertos por resistentes segundos. Numa performance que parecia ensaiada: A serpente, a raposa e o babuíno pronunciaram em uníssono:

— Eles não disputavam o torneio!

— Além do mais, é imbecilidade acreditar que um falcão iria para o beleléu numa disputa com um andorinhão! — disse a serpente

Quem tem macaquinho no sótão é você — a raposa atacou a serpente — Fazendo deduções com objetos fora de questão.

Depois de persistente tumulto o leão restabeleceu novamente o silêncio. Garantindo outra intervenção da águia:

— Vejam, nada mais surpreendente do que saber a versão do outro lado. A coruja foi convocada às pressas e ninguém lhe informou sobre todos os detalhes ou critérios da corrida. Disseram somente a ela que observasse quais dos velocistas chegariam primeiro, ela não se deteve em observar somente num plano. — elucidou a águia.

— Nem por isso podemos dar como válido o voto da coruja! — comentou a raposa.

— Que importa? Se o voto da coruja não perturbou ou impediu os votos já determinados pela girafa e a marmota — levantou o galo.

— Sim, 2 a 1, ou 2 a 0 dá na mesma porcaria! — concluiu a serpente.

Enfim, a chita subiu ao pódio, o avestruz recusou-se a acompanhá-la. Desaparecendo do local, inclusive. O segundo lugar no pódio foi ocupado pelo coiote. Nenhum animal mais foi julgado ou punido pelos episódios do evento.

Dias depois um importante periódico de notícias do reino entrevistou algumas celebridades da corrida. O leão salientou: “Não tenho muito a dizer. O que vejo, foi que esse evento foi mais significativo que seu próprio propósito. Deu-nos uma oportunidade de ampliar nossos entendimentos. A lógica não abarca a realidade”; A hiena que achou o evento divertido manifestou-se informando: “Vencedor que nem concorria? Pássaro quase decepado por falar a verdade? Onde estava o avestruz excêntrico que não subiu ao pódio? Sei, estava entretido com a cabeça na terra à procura de hermafroditas”; A serpente não quis dar muita conversa, no entanto, deixou essas palavras: “No fim, tudo termina entre gatos e cachorros!”; A coruja trouxe à baila as palavras do Hipo: “A vida é curta, a arte é longa, a oportunidade é fugaz, a experiência enganosa e o julgamento difícil.”; O falcão quando indagado, sobre quais ele apontava serem os primeiros a cruzarem a linha de chegada, independentemente de serem ou não disputantes, disse: “O andorinhão estava muito na frente, mas na frente dele seguia ainda uma libélula”.

O periódico motivado a matar a sede sobre o entusiasmo de todos aqueles que não esqueciam “A Competição”, conseguiu localizar o andorinhão e lhe fez a seguinte indagação: “Afinal, a libélula foi ou não capturada por você?” A resposta do pássaro foi: “Eu não estava à caça da libélula, estava em verdade, disputando com ela quem colocaria as garras no besouro tigre”; Com todas as velas o periódico, foi atrás da libélula para obter sua versão quanto ao momento de perseguição; A libélula ao ser encontrada relatou que não estava caçando o besouro, estava apenas lhe seguindo, pois foi influenciada por sua aparente felicidade, pensou: “Para algum bosque interessante, esse besouro deve estar às pressas.” Mas, ao perceber que um andorinhão estava na sua cola, resolveu se esquivar para a direita; Por último, o periódico, com todos os esforços de rastreamento ao besouro, não obtendo sucesso, apelou ao andorinhão para saber de seu paradeiro. O andorinhão sugeriu que procurassem o falcão. O falcão aconselhou interrogar a águia. Já a águia relatou: “Eu já tive meu momento de subir as alturas para falar com Zeus, agora chegou a vez de outros.”

 


Ednézer von Ritter é dramaturgo de origem e atua no mercado como escritor e roteirista desde 1992.


A revisão ortográfica deste texto é de total responsabilidade do seu autor ou assinante da postagem publicada. A revista Escape só responde pela revisão ortográfica das matérias, editoriais e notícias assinadas por ela.

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