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Deusas

POESIA

por Paulo José Brachtvogel

No silêncio noturno, pestanejando,

Audível tão somente o ruído da ampulheta,

Memórias da temporalidade,

Tessituras da areia e do vento,

Conflitos prementes da razão,

Uma tempestade de partículas,

Juntas, formando consciência...

Irresignado com o legado cultural,

Entrevi, dentro do Panteão mitológico,

Vênus, a Deusa do feminino.

Ela, envolta de requinte arguto e versado,

Pôs-se a recitar...

“Existe uma verdade cientifica, filosófica,

A mentira, quando repetida

gera crenças profundas, conforta.

A verdade, por sua vez, inquieta...”

Eu, com o cálice na mão,

Condiciono-me, compenetrado,

Ela, com magistral beleza, prossegue:

“Afloramos arguidas,

Distintas biologicamente,

Provemos a vida,

Únicos contrastes.

No corpo social,

Estipêndios menores,

Sem enaltecer o intelecto,

O inventivo, a inovação.

Quanto mais à “alta roda”,

Menos varoas encontramos.

Queres tua prole assim, fadada a essa herança?

Ensina-lhe o caminho da revolução!

Equidade, Respeito,

Sem possessividade...”

Desperto, observo a ampulheta,

A transitoriedade dos grânulos,

As âmbulas intermeadas

Com a consciência formada...

Há tempo, engaja-te,

Ativista da causa,

Não me Kahlo!

 


Paulo José Schmidt Brachtvogel é acadêmico de História da Unisinos. Amante das coisas boas e belas da vida, desde 2005 escreve sobre suas inquietações e sentimentos.

A revisão ortográfica deste texto é de total responsabilidade do seu autor ou assinante da postagem publicada. A revista Escape só responde pela revisão ortográfica das matérias, editoriais e notícias assinadas por ela.

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