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Heróis não frequentam a SmartFit

PROJETO | FOTOGRAFIA | OPINIÃO

por biAhweRTher


Há uma obra IMENSA de drenagem ocorrendo na frente do condomínio onde eu moro, em plena pandemia porque é um serviço essencial. São cerca de 4 quadras tomadas por enormes crateras, máquinas, encanamentos gigantes.

O meu projeto ISO[LAMENTO] começou nesta obra, a propósito. Foi onde me inspirei, porque vi muitos moradores hostilizando os trabalhadores, falando mal, reclamando porque há barulho, poeira e barreiras que impedem o transito.


E há muita gente que os admira e trata bem.

Hoje é sábado, são 16h 30min e esses homens estão trabalhando loucamente desde as 8 da manhã, com o corpo cheio de poeira vermelha e os braços sem parada.

Ontem era sexta e eles seguiam no trabalho às 19 horas.


E não tem troca de turno, o mesmo que te cumprimenta animado de manhã, está ali no começo da noite, com uma cara de cansado, mas ainda animado.

Por estarmos muito próximos da obra, ela passou a ser parte dos nossos dias e esses trabalhadores nossos conhecidos.


Trabalham PESADO sob sol e chuva. Descem naqueles buracos, gritam, movem máquinas, misturam cimento, usam ferramentas tecnológicas que a gente não entende e usam as picaretas e enxadas nossas conhecidas.

De onde vem tanta força se eles não tomam whey protein e não tem recursos para frequentar a academia da moda?


Quem são as famílias desses homens de todas as idades, tímidos quando apareço com a câmera, mas tão simpáticos, gentis, atenciosos quando as senhoras e senhores os cercam a perguntar quando esse transtorno vai acabar.


Onde moram, sobre o que conversam, o que assistem em suas televisões, para quais times torcem, quais músicas escutam?

Quem são essas pessoas e como arranjam força para pegar no pesado por 10 ou 11 horas por dia, comendo uma quentinha ali mesmo, perto das máquinas e tubulações gigantes, e sempre sorrindo, e sempre com os olhos brilhantes.

Sério, sou feminista e não estou endeusando homens que, muito certamente tem seus defeitos. Estou apenas admirando operários, e estupefata com a força física e emocional dessas pessoas que estão melhorando as condições do nosso bairro, para que não ocorram enchentes, para que os esgotos não corram nas ruas mas, MUITO PROVAVELMENTE, essas obras caras de melhoria não vão ocorrer nos bairros de onde eles vem.

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Um beijo.

biAhweRTher

 

Cláudia Kunst, produtora cultural e jornalista. Produz shows, bandas e projetos há 20 anos. É quase uma workaholic e é apaixonada por música. Adora tatuagens, carros antigos e botas empoeiradas e um pouco de solitude.


A revisão ortográfica deste texto é de total responsabilidade do seu autor ou assinante da postagem publicada. A revista Escape só responde pela revisão ortográfica das matérias, editoriais e notícias assinadas por ela.

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