O pum da majestade
Atualizado: 18 de jul. de 2020
CONTO

Estavam reunidos junto a santíssima majestade todos os seus lordes, num formidável banquete quando em determinada altura o rei solta um expressivo pum, e o sucedido, foi ocorrer justo no instante em que cessaram-se as conversas todas; justo no instante em que ou davam por abocanhar as iguarias ou distraídos estavam nas performances ao cálice abastecido dos melhores vinhos. Após o pum todos se entre olharam, num silêncio pseudoplatônico, alguns engasgues e o bobo da corte solicitou licença dizendo:
— Vossa majestade queira me dar licença lembrei-me de algo urgente e inadiável que terei que fazer.
Assim, o bobo se retirou da mesa sem olhar para trás, levado por pernas ligeiras.
O próximo a falar foi o rei:
— Caríssimo lorde, conde das terras altas, o que tem a dizer sobre ocorrido?
— A vossa majestade se refere a saída o bobo?
— Não! Meu senhor! Digo o pum que acabei de soltar.
— Eu achei de um aroma misto. Assim como agridoce!
O rei dessa vez levou a pergunta a outro lorde a sua direita dessa vez:
— O que o senhor tem a dizer sobre o ocorrido?
— Vossa graça! Diria que seu sonoro exótico é como um arroto agradável, compreensivelmente gracioso!
— E o senhor meu cavaleiro mor?
— Vossa majestade eu andava distraído pensando na subsistência de nossa milícia, por instantes não pude me reter ao acontecido se é que me entende?
O rei, dessa vez se dirigiu ao mais distante na mesa, o lorde das fronteiras do sul:
— O que tem a dizer meu lorde sulino?
— Vossa Graça! Seu pum para mim não tem nada de extraordinário! Foi um pum, apenas um pum. Admirado eu ficaria se seu pum conseguisse executar um duo com o órgão ou compor o naipe de um quarteto de sopro ou cordas aos ouvidos desse salão! Fora isso, preferiria tão somente, era poder desfrutar desse banquete sem maiores pertubações!
O rei soltou uma risada permitindo que seus lordes confraternizasse com sua felicidade e depois brindou a sinceridade fugitiva dos salamaques.

Isaac Calassa natural de Estoril - Portugal com idade de 65 anos, reside atualmente em São Vicente - São Paulo. Com formação em Ciências Contábeis. Enxadrista, Apaixonado por fado, bossa nova, poeta e contista
A revisão ortográfica deste texto é de total responsabilidade do seu autor ou assinante da postagem publicada. A revista Escape só responde pela revisão ortográfica das matérias, editoriais e notícias assinadas por ela.